"Ali estava eu, num terraço, apoiado a uma balaustrada; a meus pés, um abismo que não podia sondar, mas donde subia um rumor incessante de vagas; o oceano estendia até ao horizonte as suas ondas verdes que passavam a azul-escuro; tudo se adoçava ao longe e se velava de transparentes vapores. Uma faísca de oiro brilhou na linha que separava a água do céu: cresceu, pouco a pouco, aproximando-se; quando chegou abaixo do arco-íris, a estrela transformou-se, dir-se-ia que pairava no espaço, e que um aéreo tecido coberto de pérolas boiava à sua volta. Coloriu-se de rosa o que me pareceu um rosto; a faísca de oiro brilhou intensamente sobre a fronte de um anjo; um braço luminoso como um raio apontou o arco-íris, e ouvi uma voz murmurar ao meu coração:
«A esperança sorri ao esforço corajoso.»"
Charlotte Brontë, O Professor, tradução de Adolfo Casais Monteiro, 3ª edição. Lisboa: Inquérito, s.d., p. 234.
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