"Bela imagem, emprego idolatrado,
Que sempre na memória repetido,
Estás, doce ocasião de meu gemido,
Assegurando a fé de meu cuidado.
Tem-te a minha saudade retratado;
Não para dar alívio a meu sentido;
Antes cuido; que a mágoa do perdido
Quer aumentar coa pena de lembrado.
Não julgues, que me alento com trazer-te
Sempre viva na ideia; que a vingança
De minha sorte todo o bem perverte.
Que alívio em te lembrar minha alma alcança,
Se do mesmo tormento de não ver-te,
Se forma o desafogo da lembrança?"
Cláudio Manuel da Costa, Obras, Lisboa: Livraria Bertrand, s.d., p. 77.
No comments:
Post a Comment