Wednesday, December 21, 2022

ANIVERSÁRIO

 


"Atingido,
o aparelho inclinou as grandes asas mortas
e tombou sobre a Terra, adormecido
na grande rigidez das coisas mortas.

Da viagem ao Sol
trouxera uma centelha
que no verde crisol
da pradaria imensa
de novo se inflamou em chama azul-vermelha.

E o vento, sem detença,
levou aos quatro cantos do universo
a cinza que restara.

É que o vento é senhor de uma loucura imensa,
porque o vento não pára.

...................................................................................

Quando a gente perder
do nosso sonho tudo,
venha a chama que despe
os corpos de veludo...

Que venha o vento agreste
e leve o que ficar em seus assomos.

Que nem a cinza reste
daquilo que nós fomos."


Os Poemas de Álvaro Feijó, Castelo Branco: evoramons, 2005, pp. 26-27.

No comments: