Monday, April 23, 2007

SEARCHING AGAIN FOR WORDS

"But why am I searching again for words, which I have sworn off!! My friend, do you remember Livy's wonderful description of the hours before the destruction of Alba Longa? The people wandering through the streets that they will never see again... saying good-bye to the rocks on the ground. I tell you, my friend, this was in me, and Carthage in flames too, but it was more than that, it was more divine, more bestial - and it was the present, the fullest, most sublime present."

Hugo von Hofmannsthal, The Lord Chandos Letter and other writings, trad. Joel Rotenberg, New York: New York Review Books, 2005, p. 124.

Thursday, April 19, 2007

VISÃO DA CEGUEIRA

"Mas que coisa pode significar a visão de uma cegueira? Eu quero aprender a minha obscuridade, aquilo que em mim permanece não-expresso e não dito: mas essa é precisamente a minha própria não-latência, o meu ser apenas rosto e aparência intransponível. Se eu pudesse verdadeiramente ver o ponto cego do meu olho, não veria nada (é esta a treva que, segundo os místicos, é a morada de Deus)."


Giorgio Agamben, Ideia da Prosa, trad. João Barrento. Lisboa: Cotovia, 1999, p. 125.

Tuesday, April 17, 2007

DUOBUS: AUTO-REFLEXÕES ENCONTRADAS EM PLATÃO E SOPHIA


"Altas marés no tumulto me ressoam
E paredes de silêncio me reflectem"


Sophia de Mello Breyner Andresen, Geografia

Sunday, April 15, 2007

MONSTRUM, MONSTRA

"É verdade que a tradição das raças monstruosas na periferia do mundo age influenciando o olhar, mas não deixa de seguir a tendência mais fácil, mais «lógica», pois o monstro não é senão a «desfiguração» última do Mesmo no Outro.
É o Mesmo transformado em quase-Outro, estrangeiro a si próprio. É uma demência do corpo, uma loucura da carne."


José Gil, Monstros, Lisboa: Relógio D'Água, 2006, p. 18.

Saturday, April 14, 2007

CHORAR ANTE O MUNDO, NA SOMBRA



"Chorar ante o mundo - e quanto mais belo o choro, mais largo o mundo se lhe abre e mais pública a vergonha - eis a última indignidade que pode praticar sobre a sua vida íntima um vencido que não conserva a espada para o último dever do soldado. Somos todos soldados deste regimento instintivo da vida; temos que viver com a lei da razão ou nenhuma lei. O prazer é para os cães, a queixa para as mulheres; o homem tem somente, de seu e próprio, a honra ou o silêncio."


Barão de Teive (Fernando Pessoa), A Educação do Estóico, ed. Richard Zenith, Lisboa: Assírio & Alvim, 1999, p.52.







Wednesday, April 11, 2007

O SONO DA NOITE



"E, no tempo em que repousa no leito, o sono da noite perturba-lhe as ideias. Ele repousa pouco, ou quase nada, e mesmo no sono, como sentinela o dia, é perturbado pelas visões do seu coração, como homem que foge do combate. Quando se imagina em lugar seguro desperta, e admira-se do seu vão temor. Isto acontece a toda a criatura, até aos animais."

Ecl 40, 5-8