Sunday, June 17, 2007

OLHAR DE TRAVÉS

"Enquanto o homem aristocrático vive numa atitude de confiança e de franqueza para consigo próprio (a palavra grega «de nascimento nobre» sublinha a «fraqueza» mas também por certo o matiz da «ingenuidade»), pelo contrário, o homem de ressentimento não é franco, nem ingénuo, nem tão-pouco frontal e sério perante si mesmo. A alma deste homem olha de través, o seu espírito gosta de recantos, de caminhos tortuosos e de portas das traseiras, encanta-se com tudo o que é recôndito, porque esse é o seu mundo, a sua segurança, o seu conforto. É especialista em calar-se, não esquecer, esperar, e em amesquinhar-se ou humilhar-se provisoriamente."

Nietzsche, Para a Genealogia da Moral, trad. José M. Justo, vol. VI, col. Obras Escolhidas de Friedrich Nietzsche, Lisboa:Relógio D'Água, 2000, pág. 38.

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