SPIRAL INSANA
"
Estilhaços de quê
esses que trazes nas mãos
impotentes? Quem
te amou na breve ruína
do mundo? São de despedida
os sinais que do vazio se estendem
sobre o vazio. Talvez
se adivinhe o silêncio, a
extrema pureza do abandono.
Nem rosto tens já
para sorrir à morte.
Entretanto bebes muito
nos templos da amargura
olhas sem paixão
o rigor feroz dos abutres
esvoaçando. O que procuras é
a própria canção do desespero,
uma taberna distante do mundo.
nenhum modo que não seja de noite. "
Manuel de Freitas, Todos contentes e eu também, Porto: Campo das Letras, 2000, p. 14
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