Sunday, September 5, 2021

AZUL E OIRO




"Amo aquele que pede o impossível
quando sente a casa desmoronar tijolo
a tijolo
com a leveza de uma pena liberta pleno
voo

de um azul e oiro, o ritmo - 
   esse tijolo de barro vermelho
de um modo apaixonado pede

a vida
e a vida, num último instante, dá-lhe jardins, 
deuses e a energia de uma 
cidade suspensa
a luz de um palácio submerso

no último instante, 
muito lento,
silvam as chamas do desamparo, caducidade
duração."


João Miguel Fernandes Jorge, Invisíveis Correntes, Lisboa: Relógio D'Água, 2004, p. 47. 

No comments: