Thursday, November 18, 2021

OUTRO MUNDO

 



"- Porque mentes, Aleixo? - Uma voz branda (azul) a ignorar a dor dos braços, um imperceptível movimento das ancas. 
- As palavras não são verdadeiras nem falsas. - (São como as árvores, escrevo agora, são como as pedras, são como todas as outras coisas.) Continuo debruçado sobre o sinalzinho preto sem ousar beijá-lo. Não sei se lhe disse, se pensei, se é este caderno que me convida a escrever: as palavras são para as dizermos e por isso é que existem, a verdade e a falsidade não têm nada a ver com elas, fazem parte doutro mundo."


Augusto Abelaira, Bolor, 2.ª ed., Lisboa: Livraria Bertrand, 1970, p. 174. 

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