"De resto, para que servem, nos sepulcros, estas flores? As flores, vivas-mortas que levam uma existência sedentária e não opõem resistência nenhuma a quem as ataca, que preferem sofrer a fazer mal, estimulam os amores carnais, multiplicam-se sem luta e morrem sem queixa. Seres superiores que realizaram o sonho de Buda, pois nada desejam e tudo suportam, absortas em si mesmas, até à pretendida inconsciência.
Será por isto que os sábios indianos imitam a vida passiva da planta, abstendo-se de ter relações com o mundo exterior através de um olhar, um sinal, uma palavra?"
August Strindberg, Inferno, trad. Aníbal Fernandes. Lisboa: Assírio & Alvim, 1988, p. 62.
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