Tuesday, October 31, 2023

FUGA

 



"Ela estendeu o braço, apagou a luz e ficou deitada de costas. Sem almofada. A mamã não a deixava usar almofada.
Pensou em diabretes e quejandos e em bruxas.
(eu sou uma bruxa a mamã é a meretriz do diabo)
a cavalgar na noite, a azedar o leite, a entornar batedeiras de manteiga, a empestar as culturas enquanto Elas se acotovelavam nas suas casas, cujas portas estavam assinaladas com um X.
Fechou os olhos, dormiu e sonhou com pedras vivas, enormes, que atravessavam a noite, à procura da mamã, à procura Delas. Elas tentavam fugir, tentavam esconder-se. Mas o rochedo não as escondia; a árvore morta não as abrigava."


Stephen King, Carrie, trad. Maria Filomena Duarte, Lisboa: Bertrand Editora/col. 11X17, 2017, p. 88.

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