"É nos estuários que se concentram os adoradores
porque sabem que algo chega ao fim, algo se cumpre.
Também o vento do mar com os canaviais
e o canto imenso das aves migratórias
os fazem prosternar-se. São adoradores
de ver passar as águas mantendo-se enxutos
na veneração. Movem os templos ao longo das margens
acompanhando as águas para o justo fim.
Mas os mais amados, os verdadeiramente
tocados pela loucura, esses sobem e remontam
fixando-se para sempre as fontes e nascentes."
Carlos Poças Falcão, "A nuvem", in Arte Nenhuma, Língua Morta/Livraria Snob, 2020, p. 310.
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