Saturday, December 23, 2006

LUZ


"Como se enreda na luz o coração
à sombra dos seus mitos e de corpos
tão jovens que já apercebidos
se movem para longe do nosso olhar
guardando a tábua rasa da ausência.
Como se enreda o coração no corpo
e sem palavras te abandona este poema
e sem razões te alucina e aprisiona.
Como nos perdemos todos nesta luz
que os corpos trazem como coisa sua
e que só às vezes pousa no poema
e te deixa perdido e só à beira do lume."


Luís Filipe Castro Mendes, "A Ilha dos Mortos", Lisboa: Quetzal ed., 1991. p. 45

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