Sunday, December 24, 2006

SOULSTÍCIO


"Ele nem sequer se assemelha à luz nunca tocada
E estende sobre nós a cura
Os ramos de oliveira como o braço de quem afaga
Ele faz-nos provar o paladar inesgotável da escrita
Ele parte a broa e dá-nos ambas as mãos


É ele que conserva o mecanismo dos pássaros
É ele que move os moleiros quando passam os moinhos
É ele que puxa a corda dos bois e a linha
Do céu que assinala os limites dos montes


Ele é que eleva o corpo dos santos, é ele
Que amestra o pólen para o mel, ele decide
A medida da flor na farinha
Ele deixa-nos tocar a orla dos seus mantos"


Daniel Faria, "Dos Líquidos", V.N.Famalicão: Quasi Edições, 2003, p. 72

1 comment:

Meriel said...

Socorro!
Um sentimento quase divino, quase ímpio sufoca-me o peito e tolda-me o pensamento.
Que faço quando o próprio mafarrico se insinua para que a pouca paz que me resta desça os três últimos degraus?
Queria chorar, gritar, fugir. Estou presa neste pesadelo chamado vida e o sofrido acordar não chega.
As tuas fotos aliviam-me a alma, mas a dor da seta que se afunda prevalece.
Que faço?