"A terra mal desanoitecia ainda, mas viu-a por um segundo respirar o ar transfigurado das manhãs infantis. Tudo lhe pareceu cândido e perdido como outrora, quando na concha do céu a claridade nascia com a sua brancura de espuma. E pôs-se a imaginar nas ramadas das árvores o despertar das asas; na ausência humana o canto das últimas vindimadeiras; a paciência corpulenta dos bois nos chãos lavrados; na sua própria boca azedada de brandy a frialdade pura da água."
Carlos de Oliveira, Uma Abelha na Chuva, 18ª ed., Lisboa: Sá da Costa, 1980, p. 99.
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