"- Amo e odeio, disse Susan. Há uma só coisa que desejo. Tenho os olhos endurecidos. Os olhos de Jinny, esses estilhaçam-se em cintilações sem fim. Os olhos de Rhoda são como as pálidas flores que as mariposas procuram à noite. Os teus estão cheios a transbordar, e nada os perturba. Mas eu avanço pelo meu caminho. Vejo insectos entre as ervas. Embora a minha mãe ainda faça meias de malha branca para mim e ponha bainhas nos aventais, embora eu seja ainda uma criança, amo e odeio.
- Mas quando nos sentamos juntos, muito próximos, disse Bernard, as palavras que dizemos fundem-se um no outro. Aqui estamos debruados de névoa. Somos um território imaterial.
- Vejo o besouro, disse Susan. Vejo que é preto; vejo que é verde; estou amarrada por simples palavras. Mas tu vagueias sem destino; esvais-te; ergues-te mais alto, com palavras e palavras encadeadas em frases."
Virginia Woolf, As Ondas, trad. Francisco Vale. Lisboa: Relógio D'Água, 1988, p. 14.
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"Vamo-nos afundar como dois nadadores, tocando o solo com as pontas dos pés. Vamo-nos afundar através do ar esverdeado das folhas Susan. Vamo-nos afundar enquanto corremos. As ondas fecham-se sobre nós, as folhas das faias tocam-nos por cima das nossas cabeças." V. W. + A. M. R.
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