Tuesday, October 27, 2009

FAZER DA MORTE O EDIFÍCIO



"Que façam só da morte o edifício
onde mergulham as raízes simples
dos prumos, o cristal que se distende
pelo centro das salas que cintilam,

e nesta superfície há-de ficar
o coração inerme, o leve indício
de corredores perdidos, ao colhermos
mais perto das paredes qualquer fruto

cujo sabor continha o que se oculta
em torno do que fora a leve mágoa
de só nele encontrarmos o sentido

de uma memória extrema, onde se apaga
o desígnio que fica ilimitado
nas bruscas praias dessa arquitectura."


Fernando Guimarães, Casa: o seu desenho, Lisboa: IN-CM, 1985, p.12.

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