"Eu penetro, retomo, inspecciono, penduro, arranco o selo, a minha vida morta não guarda nada, e ainda por cima o nada nunca fez mal a ninguém, o que me força a voltar ao interior é esta ausência desoladora que passa e por instantes me submerge, mas nela vejo claro, muito claro, mesmo o nada sei o que é e posso dizer o que tem dentro.
Tinha razão, Van Gogh, podemos viver para o infinito, satisfazer-nos apenas com o infinito, na terra e nas esferas há infinito bastante para saciar mil grandes génios, e se Van Gogh não pôde satisfazer o seu desejo, que era irradiá-lo durante toda a vida, foi porque a sociedade lho proibiu.
Redonda e conscientemente proibiu."
Antonin Artaud, Van Gogh, o suicidado da sociedade, trad. Aníbal Fernandes. Lisboa: Assírio & Alvim, 2004, p. 51.
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