"Imaginemos um homem cuja fortuna apenas rivalizava com a indiferença pelo que a fortuna em geral permite, e cujo desejo era, muito mais orgulhosamente, agarrar, descrever, esgotar, não a totalidade do mundo - projecto cuja ruína basta o seu simples enunciado -, mas um fragmento constituído dele: perante a indestrinçável incoerência do mundo, tratar-se-ia então de realizar até ao fim um programa, sem dúvida restrito, mas integral, intacto, irredutível.Por outras palavras, Bartlebooth decidiu um dia que toda a sua vida seria organizada em torno de um projecto único cuja necessidade arbitrária não teria outro fim para além de si mesma."
Georges Perec, A Vida Modo de Usar, trad. Pedro Tamen, Lisboa: Editorial Presença, 1989, p. 119.
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