"Gauguin considerava, como continuava a explicar a Bernard, que era perfeitamente desnecessário o pintor transcrever exactamente aquilo que tinha diante dos olhos. Bernard tinha perguntado se Gauguin achava que se deviam pintar sombras. De maneira nenhuma, foi a resposta de Gauguin - a não ser que a pessoa queira. É tudo uma questão do que o artista acha melhor para o seu quadro. Mas em geral pensava que a nova arte devia «vigorosamente» evitar «tudo quanto fosse mecânico, como a fotografia.» «Por essa razão eu evitaria o mais possível tudo aquilo que dá ilusão de alguma coisa, e como a sombra cria a ilusão da luz do sol tenho tendência a suprimi-la.» A pintura era em última análise, na perspetiva de Gauguin, uma questão intelectual: «Não pintes muito a partir da natureza», aconselhava. «A arte é uma abstracção; devemos extraí-la da natureza, enquanto sonhamos diante dela.»"
Martin Gayford, A Casa Amarela - Van Gogh, Gauguin e Nove Turbulentas Semanas em Arles, trad. Francisco Agarez, Lisboa: Editorial Bizâncio, 2007, pp. 75.
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