Anthony Burgess, A laranja mecânica, trad. José Luandino Vieira, 4ª ed., Lisboa: Edições 70/Planeta De Agostini, 2002, p. 39."Mas, irmãos, isso de estar a roer as unhas dos pés até descobrir a causa da maldade, é isso que me faz ser um bom máchico sorridente. Se eles não se interessam pelas causas do bem, porque se interessam pelo vice-versa? Se as liúdes são boas, é lá com elas, gostam disso, e não sou eu que lhes desmancho os prazeres, mas vice-versa. E eu era advogado do vice-versa. Isto sem levar em conta que a maldade faz parte do eu, do ego, do tu e do mim em nossas lidões-ai-dões. E o eu foi criado pelo velho Teos ou Deus, e constitui seu grande orgulho e radóstia. Mas os do não-eu não podem aceitar o mal. Quer dizer: os do governo, e os juízes, e os professores. Eles não podem permitir o mal porque não podem transmitir a individualidade. E não é, irmãos, toda a história moderna, a história de malenques mas corajosas individualidades em luta contra essas grandes engrenagens? É a sério que vos falo, irmãos. Mas o que faço, faço-o, porque tenho gosto no que faço."
Monday, October 29, 2012
PIRATAS
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