"Eu escondo-me de toda a gente, quando me sinto poeta, que o mesmo é dizer sensível. Em coisas materiais é que me exponho francamente, para que toda a gente me tenha em conta do comum barro. Furto-me quanto posso a distinções odiosas, e às ridículas ainda mais. Ser tolo é má coisa; ser mau é coisa pior; mas quem puder livrar-se de ser ao mesmo tempo mau e tolo, seja antes mau. Os tiros do ódio podem ferir; mas assanham os brios, e dão azo à vitória; porém, os tiros de escárnio matam sempre.
Mal soantes são estas divagações aqui!
As minhas árvores desconhecem-me nesta linguagem."
Camilo Castelo Branco, No Bom Jesus do Monte, 4ª ed., Porto: Livraria Chardron/Lello, s.d., p. 2.
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