"O lodo preto onde enterrei os pés, em contraste com as fitas de areia branca, os maciços de juncos, as rãs que saltavam para as poças de água, estou a ver tudo como se essas coisas ainda estivessem aqui diante de mim. Tudo aquilo era um mundo novo. E as impressões simples e isoladas gravam-se profundamente. Era um mundo novo, onde se podia respirar um pouco de liberdade e tomar um lugar entre as coisas da natureza, reconquistando um pouco da dignidade e consciência do homem. A cidade é artificial. Só o Sol e as árvores é que nos dão a nossa posição entre as coisas do mundo. Mas, seja como for, ou temos uma missão e uma inconsciente impassibilidade para as contingências adversas, ou não valemos nada."
Branquinho da Fonseca, Rio Turvo, Lisboa: Editorial Verbo, s.d., pp. 10-11.
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