"Vivemos, porque os nossos olhos encarceraram as cousas e os seres em pequenas formas limitadas. Que seria de nós se as víssemos nos seus aspectos verdadeiros? A presença duma árvore petrificar-nos-ia, de repente!
Vivemos, porque os nossos olhos dão às cousas uma aparência banal e familiar. Se pudéssemos ver a nossa dor! Desvanecer-se-ia por encanto. Nada resiste ao fogo visionário que lampeja nas pupilas.
Os desertos e as ruínas - uma obra dos nossos olhos, não do tempo.
Os astrónomos, espreitando as regiões celestes, afugentaram os anjos e os deuses. O telescópio é que matou o Paganismo e converteu o Infinito num deserto.
O que descobrimos do mundo é o que resta do seu desencanto, ao ser contemplado pelos homens; - os escombros dum incêndio."
Teixeira de Pascoaes, O Pobre Tolo, Obras Completas de Teixeira de Pascoaes, IX vol., Amadora: Livraria Bertand, 1973, p. 120.
Vivemos, porque os nossos olhos dão às cousas uma aparência banal e familiar. Se pudéssemos ver a nossa dor! Desvanecer-se-ia por encanto. Nada resiste ao fogo visionário que lampeja nas pupilas.
Os desertos e as ruínas - uma obra dos nossos olhos, não do tempo.
Os astrónomos, espreitando as regiões celestes, afugentaram os anjos e os deuses. O telescópio é que matou o Paganismo e converteu o Infinito num deserto.
O que descobrimos do mundo é o que resta do seu desencanto, ao ser contemplado pelos homens; - os escombros dum incêndio."
Teixeira de Pascoaes, O Pobre Tolo, Obras Completas de Teixeira de Pascoaes, IX vol., Amadora: Livraria Bertand, 1973, p. 120.
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