Wednesday, January 15, 2014

TERRA




"Quanta beleza morta e sepultada!
Quantos sonhos dispersos em poeira, 
Antes de cair em pó quem os sonhou...
Dir-se-á que a noite triste
É como cinza de sorrisos murchos, 
Como um vapor de lágrimas extintas!
E a luz do luar, descendo sobre mim,
Traz consigo nas asas espectrais
Toda essa morte e solidão da lua...
Não há palmo de terra que não seja
Terra de sepultura... Eu vivo ainda;
Não é certo que vivo? E todavia
Já vejo o meu fantasma..."


Teixeira de Pascoaes, Regresso ao Paraíso, 2ª ed., Porto: Renascença Portuguesa, 1923, p. 101. 

No comments: