"A porta do túmulo dá para a nossa infância. Quando penso entreabri-la, imagino contemplar o sol dos primeiros dias, a paisagem onde eu fui a inocência, e o verbo, nos meus lábios, afogado em comoção, é um vagido apenas. O nosso pobre corpo, evoluído, emurchecido, floresce, involui; as rugas alisam, a pele satura-se de aurora, tingem-se de oiro vivo os cabelos, e o coração desencantado entra num novo encantamento."
Teixeira de Pascoaes, Verbo Escuro, Lisboa: Assírio & Alvim, 1999, p. 132.
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