"Sentia-me feliz. Ao invés do que poderia presumir do bestializante efeito de tão nutridas horas voltadas ao cevo exclusivo da carne e da luxúria, eu não estava positivamente materializado. Pelo contrário, uma lúcida embriaguez me erguia e doirava as ideias, dominadoramente. Sentia e verificava muito bem que esta obsidiante e irresistível criatura, que o mais misterioso e feliz dos acasos me deparara, não era só simpática à minha animalidade, não era só apetecida dos meus sentidos; antes na mutuação celeste dos seus gozos havia um não sei quê de eterizante e fino...o que quer que fosse de iluminado e alto, que me afagava o pensamento e me falava ao espírito.
Tudo isto porque era magra."
Abel Botelho, O Livro de Alda, 3ª ed. Porto: Livraria Chardron, 1922, p. 42.
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