MEMÓRIA
"fui encontrar madame bovary,
trajando lycra negra e cabedal,
a sair de uma loja tax free,
já na sala de embarque. por sinal
foi ela quem me viu. eu não a vi,
cheio de educação sentimental.
aproximou-se e disse: « - por aqui?»
em pose colunável. informal
e desflaubertizada, ela acendeu
com um isqueiro de ouro a cigarrilha.
ofereci-lhe um café. não quis, segura
e coleante, pois. num gesto deu
a entender que brilha e vibra e brilha
por desistir de ser literatura."
Vasco Graça Moura, Antologia dos Sessenta Anos, Porto: Edições ASA, 2002, p. 137.
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