Sunday, November 30, 2025

SANTO ANDRÉ

 


"Ali
onde as águas se abrem
entre brumas e sargaço

Ali 
onde a vida me foi
misturadamente
crucificação e voo

Ali
como uma poita de pedra
farei naufragar meus olhos."



Luísa Dacosta, A Maresia e o Sargaço dos Dias, Alfragide: Edições Asa II, 2011, p. 73. 

METAFÍSICO

 


"Experimentemos falar com o idiota do meu filho sobre ruínas. É que ele ainda não percebeu. Para ele, tudo ainda permanece no estado animal decomposto, do pequeno objecto (-a) perdido - seja cama ou penico, para ele tudo é ainda mais pequeno do que ele próprio e, portanto, objecto sempre à mão, transicional, ruína. Mas ele não lhe dá o nome de «ruína». Afirma apenas: «São coisas como eu. Parecidas comigo. Eu com elas entendemo-nos optimamente. Medimo-nos a palmo, contamo-nos pelos dedos. Até nos partirem, somos brinquedos. Velhos ou novos, enquanto nos encontrarmos à mão de semear e nos mostrarmos manuseáveis, seremos sempre coisas com interesse. Objectos pequenos. Ruínas
É que o «maior» não existe para ele. Tudo o que lhe passa do ombro ou da cabeça, considera-o já de outro mundo. Que não existe. Como lhe explicar, então, a desagregação do grande até ao residual ou ao pequeno? Se eu lho conseguisse explicar, penso que para ele, em breve, a Ruína constituiria uma espécie de Deus. O metafísico."


Fernando Guerreiro, a sagrada família, papéis impossíveis, 2025, p. 39. 

Saturday, November 29, 2025

EMBEBIDO

 



"Borboleta que poisa em flor, noutra e noutra
Em seu voo cabe toda a vida recordada
Todo o infinito, todo o Eterno, toda a Beleza.

E o mais pequeno gesto vem embebido de Sagrado
As mãos outras borboletas sublimes
Abrem nos relógios horas distintas."



Mário T Cabral, O Livro dos Anjos, Lajes do Pico: Companhia das Ilhas, 2021, p. 61.

À GRAÇA

 



"Há este cansaço que emudece
Profundo desejo de me trancar
O Além dentro dos muros, o mundo fora.

Trago o Mistério vestido como um casaco
Antigo, brando, confortável, indispensável
De mãos nos bolsos deste casaco vou cogitando:

O tempo passa e o que persiste não é meu
Nada me fica a dever à sabedoria mas à Graça
Ao lado de mim o antes e o depois dos espelhos."


Mário T Cabral, O Livro dos Anjos, Lajes do Pico: Companhia das Ilhas, 2021, p. 60. 

Friday, November 28, 2025

QUE MAIS FAZER?

 






"Geoffroy de Anjou tocou seu clarim:
Os Franceses, por ordem de Carlos, metem-se ao caminho.
Todos os seus amigos, que encontraram mortos,
Logo são transportados para uma sepultura.
Há muitos bispos e abades,
Monges, cónegos e padres tonsurados,
Que os absolveram e benzeram em nome de Deus.
Põe-se a arder incenso e mirra.
Enaltece-se os corpos com grande pompa,
Para de seguida os enterrar com toda a dignidade.
Depois, abandonam-nos. Que mais fazer?"


Canção de Rolando, CCXV, trad. Amélia Vieira e Pedro Bernardo,Silveira: E-PRimatur/Letras Errantes,2024, p. 166.

Tuesday, November 25, 2025

COM AROMA DE LUZ

 



"Olhava pró infinito absorto, só, esquecido...
A terra estava só. Às vezes um gemido
D'alguma ave nocturna a pairar na amplidão
Fazia palpitar meu pobre coração.
E olhava de repente, em convulsões de susto
Um hercúleo gigante, um pequenino arbusto.
Chegavam-me ao ouvido umas canções ligeiras
De alegres e viris e boas lavadeiras
Que o ar divino e são depressa embalsamava,
Com aroma de luz que ao luar exalava
Um fresco laranjal, no meio dum pomar:
Pinta as flores, Jesus, com ondas de luar..."


Teixeira de Pascoaes, Embryões, Amarante: Officina Noctua, 2025, p. 31.

Monday, November 24, 2025

VEILLANTIF


 

"Quando Rolando vê que o seu amigo morreu, 
Que o seu rosto se virara para o chão, 
Começa ternamente a lamentar-se:
«Sire companheiro, que funesta valentia!
Estivemos unidos todos estes anos e todos estes dias;
Nunca me causaste pesar, causei-o eu a ti, 
A tua morte faz que a vida seja para mim uma dor».
Com tais palavras, o marquês desfalece
Montado no seu cavalo, que tem por nome Veillantif,
Mas firme nos seus estribos de ouro fino, 
Vá para onde for, não saberá sucumbir."



Canção de Rolando, CLIV, trad. Amélia Vieira e Pedro Bernardo,Silveira: E-PRimatur/Letras Errantes,2024, p. 122. 

Sunday, November 23, 2025

UMA LUZ

 



"Ainda existe uma Luz cá neste mundo,
Neste pântano escuro esverdeado,
Neste oceano de dor que não tem fundo,

Nesta raiva feroz dum condenado, 
Nesta lágrima infeliz que o bom Jesus
Derramou, lá no céu, crucificado;

Deixando-a assim cair, como uma lança
Dum soldado que expira moribundo
No espaço infinito da Esperança;

Neste monturo tétrico e medonho,
Neste enorme covil de hipocrisia
Onde a Verdade existe como um sonho;

Neste túmulo triste e sanguinário,
Onde rebenta a flor da podridão, 
Onde caminha o vício milionário...

Essa Luz que ilumina a Solidão, 
Esse facho repleto de esplendor,  
Essa fogueira enorme dum vulcão, 

E que, numa hora e mesmo num momento, 
A Verdade e o Belo e a Alegria
Expiram em um único lamento!..."



Teixeira de Pascoaes, Embryões, Amarante: Officina Noctua, 2025, pp. 47-48. 

BRAMIMONDE

 




"Eis que chega a rainha Bramimonde.
«Amo-vos muito», Sire, diz ela ao conde,
«Pois o meu senhor e seus homens vos estimam bastante.
Enviarei dois colares de ametistas e granadas!
Valem mais que os tesouros de Roma.
O vosso Imperador nunca viu nada tão belo!
Ele recebe os colares, e coloca-os na sua bota."


Canção de Rolando, LI, trad. Amélia Vieira e Pedro Bernardo,Silveira: E-PRimatur/Letras Errantes,2024, p. 50.

Friday, November 21, 2025

O INSTANTE



"Se Deus existe, é porque existe no livro; se os sábios, os santos e os profetas existem, os intelectuais e os poetas, se o homem e o insecto existem, é porque encontramos os seus nomes no livro. O mundo existe porque o livro existe; pois existir é crescer com o próprio nome.
O livro é a obra do livro. É o sol que engéndra o mar, é o mar que revela a terra, é a terra que esculpe o homem; caso contrário, sol, mar, terra e homem seriam lugar de uma luz sem objecto, água movente sem partidas nem regressos, exuberância das areias sem presença, expectativa de carne e de espírito sem vizinhança, sem ter correspondente, sem duplos nem contrários.
A eternidade desafia o instante com o verbo.
O livro multiplica o livro."


Edmond Jabès, O Livro das Questões, trad. Pedro Eiras, Porto: Flâneur, 2021, p. 33.

Thursday, November 20, 2025

PRIMEIROS MOMENTOS


 

 

"Suponhamos que a humanidade deixou passar despercebidos os seus primeiros sentimentos, as suas primeiras emoções. Quando mais tarde deu por ter deixado despercebidos esses primeiros momentos, teve um movimento de recuperação e, pela mecânica da memória, obteve-os de novo e sem adulteração possível. Estavam incólumes. E até ao fim dos tempos cada pessoa leva em si a testemunha dos primeiros momentos da humanidade."

 

Almada. Os Painéis A Geometria e Tudo - As entrevistas com António Valdemar, Lisboa: Assírio & Alvim, 2015, p. 73. 

Wednesday, November 19, 2025

A DIVINA E A HUMANA


 

"Como lhe parece que possa ser comunicada ao homem corrente, como é o intuito destas entrevistas, uma ligação da citação de Schiller com o provérbio grego?

Deste modo: a linha curva e a linha direita são da mesma natureza, a natureza inanimada. Quem faz a curva é o deus, cuja natureza é a das divindades. Quem faz a direita é o homem, cuja natureza é a humana. Ora o que desejamos relacionar? Aquele que faz a curva com aquele que faz a direita? São de naturezas distintas. Mistério. Não poderemos então relacionar senão o que o deus e o homem fazem: a curva e a direita. Estas são abstrações de uma mesma natureza e concretizadas na extensão. Isto é, apenas numa terceira natureza, a inanimada, sem opinião, neutra, encontraremos relação mediata entre as duas outras naturezas fechadas: a divina e a humana."

Almada. Os Painéis A Geometria e Tudo - As entrevistas com António Valdemar, Lisboa: Assírio & Alvim, 2015, p. 76. 

Tuesday, November 18, 2025

TREME EM LUZ A ÁGUA

 



"Treme em luz a água.
Mal vejo. Parece
Que uma alheia mágoa
Na minha alma desce -

Mágoa erma de alguém
Que algum outro mundo
Onde a dor é um bem
E o amor é profundo.

E só punge ver
Ao longe, iludida,
A vida a morrer
O sonho da vida."


Fernando Pessoa, Ficções do Interlúdio, ed. Fernando Cabral Martins, Lisboa: Assírio & Alvim, 1998, p. 69.

Sunday, November 16, 2025

ALGOFOBIA

 


"As reflexões de Weil sobre a dor causam-nos estranheza. Hoje em dia, somos hostis ou insensíveis à dor. Rejeitamos qualquer forma de dor. A algofobia domina a sociedade. Nem mesmo o amor pode causar dor. Também a arte e a música sucumbem ao delírio da agradabilidade. Tudo é polido para se adequar ao formato do consumo e da vivência. Qualquer intensidade é evitada porque causa dor. O like enquanto analgésico do presente domina não só as redes sociais, mas também todas as áreas da cultura. Nada deve causar dor. A própria vida, moldada pelo consumo, perde toda a profundidade e intensidade. O consumo e a religião são incompatíveis. A algofobia bloqueia o caminho para Deus."

Byung-Chul Han, Conversas sobre Deus - Um Diálogo com Simone Weil, trad. Ana Falcão Bastos, Lisboa: Relógio D'Água, 2025, pp. 74-75. 

POTENTIA

 


"Deus permanece em silêncio, pois ele encarna a potentia absoluta. Qualquer palavra a enfraqueceria. O silêncio de Deus é mais poderoso e magnífico do que qualquer palavra que, comparada com ele, seria apenas ruído."


Byung-Chul Han, Conversas sobre Deus - Um Diálogo com Simone Weil, trad. Ana Falcão Bastos, Lisboa: Relógio D'Água, 2025, p. 59. 

Saturday, November 15, 2025

O ESSENCIAL

 


"O essencial é ter o vento.
Compra-o; compra-o depressa, 
A qualquer preço.
Dá por ele um princípio, uma ideia,
Uma dúzia ou mesmo dúzia e meia
Dos teus melhores amigos, mas compra-o.
Outros, menos sagazes
E mais convencionais, 
Te dirão que o preciso, o urgente, 
É ser o jogador mais influente
Dum trust de petróleo ou de carvão.
Eu não: 
O essencial é ter o vento.
E agora que o Outono se insinua
No cadáver das folhas
Que atapeta a rua
E o grande vento afina a voz
Para requiem do Verão,
A baixa é certa.
Compra-o; mas compra-o todo, 
De modo
Que não fique sopro ou brisa
Nas mãos dum concorrente
Incompetente."


Reinaldo Ferreira, Poemas, Lisboa: Vega, 1998, p. 58. 

Friday, November 14, 2025

A MEMÓRIA DE UM FASTO


 

"Minha alma é obelisco corroído
Ou apenas - quem sabe? - inacabado, 
A memória dum fasto já esquecido 
Ou dum outro talvez antecipado.

Só sei que lhe não sei qual o sentido;
E o erro foi, assim, ter procurado
O que tenha talvez desaparecido
Ou não fosse jamais concretizado.

Na encruzilhada, os viandantes raros,
Se os olhos para ela erguem, avaros, 
Não conservam, sequer, a sua imagem.

Mas erguida, sem nexo, longa e triste,
Ela sabe que é, sente que existe
Na dor com que ensombrece esta paisagem."



Reinaldo Ferreira, Poemas, Lisboa: Vega, 1998, p. 157. 

Wednesday, November 12, 2025

DAS BELAS ILUSÕES

 




"Abençoado o sonhar daquela idade
em que a vida deriva sobre flores, 
buscando o gozo, onde, mais tarde, as dores,
sem ser buscadas, vem!

Por que os sonhos tão rápidos se esvaem?
Das belas ilusões uma não vingas, 
que a gélida razão te não deslusa
com o rir do desdém!"



Camilo Castelo Branco, Ao Anoitecer da Vida, Mem Martins: Publicações Europa-América, 1999, p. 72. 

Tuesday, November 11, 2025

À MANEIRA DE


 

"Síntese a linha clara - em seu
Horizonte a luz se desfere. Opaca (ela)
De nós se nutre como lume aceso."



Sophia de Mello Breyner Andresen, O Nome das Coisas, Lisboa: Caminho, 2004, p. 62. 

Sunday, November 9, 2025

DOMINGO

 


"Que domingo solene, ocioso e lasso!
Tão triste; o sol inunda a tarde toda, 
Festivo como um guizo numa boda
Onde a noiva morreu, desfeita em espaço...

Medeia a eternidade, em cada passo
Que, sem intuito, dá quem passa; à roda
Parece dormir tudo; e incomoda, 
Ponderável, no ar, um embaraço...

Toda a tristeza de domingo à tarde.
Sobre dos homens para o céu, que arde, 
O apego à vida dum olhar que morre.

Sombras sugerem aflições incertas...
E das janelas sôfregas, abertas, 
Morno, o silêncio como um pranto escorre..."


Reinaldo Ferreira, Poemas, Lisboa: Vega, 1998, p. 41. 

Saturday, November 8, 2025

PELA TARDE

 



"É pela tarde, quando a luz esmorece
E as ruas lembram singulares colmeias, 
Que a alegria dos outros me entristece
E aguço o faro para as dores alheias.

Um que, impaciente, para o lar regresse, 
As viaturas que se cruzam cheias
Dos que fazem da vida uma quermesse, 
São para mim, faminto, odor de ceias.

Sentimento cruel de quem se afasta, 
Por orgulho repele, e se desgasta
No esforço de fugir à multidão.

Mas castigo de quem, por imprudente,
Já não pode deter-se na vertente
Que vai da liberdade à solidão."



Reinaldo Ferreira, Poemas, Lisboa: Vega, 1998, p. 42. 

Friday, November 7, 2025

HEAVEN

 


"Nenhuma palavra em hebreu ou em inglês carrega o sentido moderno mais potente da palavra «Céu» (heaven): um universo paralelo que existe no tempo real, onde Deus vive juntamente com os seus anjos e as almas dos nossos queridos falecidos e que, ocasional e inesperadamente, intersecta e afecta o nosso mundo. Quando dizemos aos nossos filhos que a avozinha está com Deus no céu, é isto que queremos dizer - um lugar real, onde se passam acções reais, noutro local. Quando imaginamos os anjos a flutuarem sobre nuvens nos céus, a tocarem harpas e a soprarem clarins, ou os nossos mortos a sorrirem sobre nós enquanto nós andamos nas nossas vidas, é este significado que temos em mente."


Lisa Miller, O Céu, trad. Pedro Vidal, Alfragide: Estrela Polar, 2010, p. 37.

Thursday, November 6, 2025

É TEMPO

 



"Senhor, é tempo. O verão muito durou.
Deita as tuas sombras sobre os relógios de sol,
e nos prados solta os ventos que tua boca soprou.

Manda aos últimos frutos que fiquem maduros;
dá-lhes ainda dois dias meridionais seguros,
impele-os para a perfeição e manda, pura,
o vinho pesado para a última doçura.

Quem agora não estiver em casa, não se põe a construir.
Quem agora só estiver, muito tempo assim há-de ficar,
estará desperto, a ler, a longas cartas redigir
e nas áleas andará com inquietação a caminhar
de cá para lá, enquanto as folhas estão a rodopiar."



Rainer Maria Rilke, O Livro das Imagens, trad. Maria Teresa Dias Furtado, Lisboa: Assírio & Alvim, 2024, p. 57.

Monday, November 3, 2025

YA NO ES TIEMPO

 




"LA MUERTE

Ya non es tiempo de yaser al sol
con los perrochianos beviendo el vino.
Yo vos mostraré un re mi fa sol
que agora compuse de canto muy fino.
Tal como a vos quiero haber por vecino,
que muchas ánimas tovistes en gremio,
segunt las registes habredes el premio:
Dance el labrador que vien del molino."


Anónimo, La Danza de La Muerte, in Teatro Medieval, Barcelona: Ediciones Orbis, 1983, p. 149.

Sunday, November 2, 2025

ALMAS

 




"Mas o mais interessante de todos estes textos literários é, sem dúvida, uma passagem do conto em verso A Corte do Paraíso (La cour de paradis):


Por isso vos digo no dia das Almas
E depois do Dia de Todos-os-Santos
Tenham todos a certeza:
Conta-nos a história
De que as almas do Purgatório
Repousam durante estes dois dias
Mas as que não tiverem perdão
E forem condenadas pelos seus pecados
Tenham todas a certeza
De que não terão repouso nem permanência.


A ligação entre a festa de Todos-os-Santos e a Comemoração das Almas (1 e 2 de Novembro) está fortemente marcada, e os laços destas duas solenidades com o Purgatório nitidamente sublinhados. A originalidade destes versos reside sobretudo no seguinte: se o sabat infernal, o descanso hebdomadário dos condenados do Inferno é negado, em compensação aparece a ideia de uma trégua de dois dias no Purgatório, em vez da ideia de Jacques de Vitry de um repouso dominical. O Purgatório «infernizou-se» decididamente a ponto de ser transferido para ele o tema de um repouso imaginado para a geena."




Jacques Le Goff, O Nascimento do Purgatório, trad. Maria Fernanda Gonçalves de Azevedo, 2.ª ed., Lisboa: Editorial Estampa, 1993, p. 384.

LA DANZA


"
 LA MUERTE 

A la dança mortal venid los nascidos
que en el mundo soes de qualquier estado; 
el que no quisiere a fuerça e amidos
facerle he venir muy toste parado.
Pues que ya el fraire vos ha predicado
que todos vayais fazer penitencia,
el que no quisiere poner diligencia
por mi non puede ser más esperado."



Anónimo, La Danza de La Muerte, in Teatro Medieval, Barcelona: Ediciones Orbis, 1983, p. 137. 

Saturday, November 1, 2025

TODOS OS SANTOS

 



"Evaristo - Custa a morrer nesta idade!... Pois não custa?

1.º Cabo - (Como o Bertoldinho:) Nunca experimentei, nem quero experimentar tão cedo. Mas, em meu fraco juízo, estou em julgar que custa a morrer em qualquer idade...

Evaristo - A vida, amigos, é como uma árvore de que as criaturas só dão conta depois que floriu. Cresce... deita sombra, e cada um trata de fugir com ela ao rachador que ronda de machado no ar para deitá-la abaixo..."


Aquilino Ribeiro, Tombo no Inferno, Lisboa: Livraria Bertrand, 1963, p. 190.