"Olhava pró infinito absorto, só, esquecido...
A terra estava só. Às vezes um gemido
D'alguma ave nocturna a pairar na amplidão
Fazia palpitar meu pobre coração.
E olhava de repente, em convulsões de susto
Um hercúleo gigante, um pequenino arbusto.
Chegavam-me ao ouvido umas canções ligeiras
De alegres e viris e boas lavadeiras
Que o ar divino e são depressa embalsamava,
Com aroma de luz que ao luar exalava
Um fresco laranjal, no meio dum pomar:
Pinta as flores, Jesus, com ondas de luar..."
Teixeira de Pascoaes, Embryões, Amarante: Officina Noctua, 2025, p. 31.

No comments:
Post a Comment