"Esta noite
um anjo-malmequer
com uma lágrima apenas na bagagem
e uma amiga com muita pena
com penas feitas de neve
deixaram intensamente perturbada
a lua
desde sempre pendurada no meu quarto.
Nas paredes pálidas
O Arrepio o Suspiro o Gemido
esqueciam-se de nós
olhando deslumbrados
aquela lágrima suspensa.
Mas na madrugada adejam as asas
doridas do amplexo sem nexo
e do ponto mais escuro da sombra
surge a pedra igualmente suspensa
que em mim pensa.
Em fila as estátuas
dirigem-se
para o cais."
Artur do Cruzeiro Seixas, Obra Poética, vol. I, Vila Nova de Famalicão:Quasi Edições, 2002, p. 152.
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