" - Ele odiava-os?- Não, não se importava. Limitava-se a não gostar deles, o que é diferente. Ele dizia que os Tommies eram uns toleirões amaricados. É o destino da humanidade.- E o povo também, a classe operária?- Todos. Perderam a vitalidade. O automóvel, o cinema e os aviões sugaram-lhes a vida. E digo-te, cada geração produz outra mais tímida, com tubos de borracha nas entranhas e pernas e caras de lata! Pessoas de lata! É tudo uma espécie de bolchevismo permanente que mata a raça humana e idolatra a máquina. Dinheiro, dinheiro, dinheiro! Os homens de hoje triunfam, matando dentro de si o sentimento humano, transformam o Adão e a Eva em carne picada. São todos iguais. O mundo é todo igual. A realidade humana vai sendo eliminada, um prepúcio, um sexo estão à venda. O próprio amor é uma fornicação mecânica. É tudo igual. Dêem-lhes dinheiro, e eles cortam o pénis ao mundo. Dinheiro, dinheiro, dinheiro, para extrair da humanidade tudo o que é humano e convertê-la em máquinas de trepidação."
D. H. Lawrence, O Amante de Lady Chatterley, trad. Maria Teresa Pinto Pereira, Mem Martins: Publicações Europa-América, s.d., pp. 211-212.
No comments:
Post a Comment