Friday, November 30, 2012

A DERIVA DA LUZ - NOVEMBRO


"Descobre-se Novembro. A nostalgia
desenvolve-se até se instituir em única
luz. Em vigília
a deslocar a sua
concentração para a longínqua
fronteira aonde se dissipa a bruma.
E fica Novembro. Fica,
como que pátria e urna
derivando cristalina,
para o sítio onde as vozes cantam múltiplas
vivacidades contíguas
emergindo do cerne das colunas.
E mortos e vivos se resignam
a ouvir-se em timbre de expansivas urnas
sob a deriva da luz da nostalgia
com que Novembro vai tecendo a bruma."
  Fernando Echevarría, "Sobre os Mortos", in Poesia 1987-1991, Porto: Edições Afrontamento, 2000, p. 163.

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