Sunday, May 25, 2014

RUIR




"Sinto em mim o ruir dos desmoronamentos. 
Sou um caos, aonde os vários elementos
Se chocam com fragor, em grande confusão, 
Como na antemanhã o sol e a escuridão!
Metade do meu ser é noite; outra metade
É enérgico fulgor, vibrante claridade!
Sou um triste castelo ao pé dum mar brumoso...
Como uma onda, o velho tempo proceloso
Meus alicerces mina, e, pedra a pedra, eu caio, 
A luz esverdeada e trágica do raio!"


Teixeira de Pascoaes, Para a Luz, Lisboa: Assírio & Alvim, 1998, p. 96. 

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