"Um pássaro em queda mesmo
Quando é proporcional à pedra
Que tomba do muro nunca
Alcança a mesma coloração do musgo
- Já nem sequer falo do tempo
Em que mudam a pena
Para fazeres ideia pensa
Como perde um homem a idade
De encontrar os ninhos
Retém na memória: o homem cai. Desloca-se
O pássaro para que as estações não mudem
É dessa rotação que o muro
Pode cercar-se sem ninguém o construir. O cerco
Do voo é a pedra da idade
Para fazeres uma ideia pensa
Em engoli-la"
Daniel Faria, "Dos Líquidos", in Poesia, ed. Vera Vouga, Lisboa: Assírio & Alvim, 2012, p. 293.
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