"A mulher vacilava, rodando o botão entre os dedos.
- É o mais parecido que achei.
- Está bem, está bem - repetiu a outra reabrindo o estojo. Passou a esponja em torno dos olhos. E vagarosamente lançou um olhar em redor. Examinou as mãos. Sorriu: - Veja, Matilde, minhas mãos estão ficando da cor da tarde, tudo nesta hora vai ficando rosado...
- O céu parece brasa, que bonito!
- A gente vai ficando rosada também - disse atirando a cabeça para trás. Expôs a face à luz incendiada do crepúsculo. - E riu de repente: - Acho a vida tão maravilhosa!
- Maravilhosa?"
Lygia Fagundes Telles, "Um Chá Bem Forte e Três Xícaras", in Antes do Baile Verde, Lisboa: Círculo de Leitores, 1974, p. 121.
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