" - A não ser - disse enfim -, a não ser que...- O quê? Vejamos isso.- A não ser que, quando abrirem os olhos, tu tenhas para lhes mostrar um mundo melhor que o das trevas onde vivem agora. Tem-lo?Eu não sabia. Sabia bem o que ia desmoronar-se, mas não sabia o que ia ser edificado sobre as ruínas. «Isso ninguém pode sabê-lo com certeza - pensava eu. - O velho mundo é palpável, sólido, vivemo-lo e lutamos com ele em cada instante, ele existe. O mundo do futuro não nasceu ainda, é imperceptível, fluído, feito da luz de que são tecidos os sonhos, é uma nuvem batida por ventos violentos - o amor, o ódio, a imaginação, o acaso, Deus... O maior profeta só pode dar aos homens uma palavra de ordem, e quando mais imprecisa for esta palavra de ordem maior será o profeta.»"
Nikos Kazantzakis, Zorba, o Grego, trad. Fernando Soares, Lisboa: Ulisseia, s.d., p. 65.
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