"No entanto, Oriane, ora veja justamente o seu cunhado Palamède, de quem estava a falar; não há amante que tenha a aspiração a ser chorada como foi aquela pobre senhora de Charlus.
- Ah - respondeu a duquesa -, permita-me Vossa Alteza que não esteja totalmente de acordo. Nem toda a gente gosta de ser chorada da mesma maneira, cada um tem as suas preferências.
- Enfim, ele dedicou-lhe um verdadeiro culto desde que ela morreu. É verdade que às vezes fazemos pelos mortos coisas que não faríamos pelos vivos.
- Primeiro - respondeu a senhora de Guermantes num tom sonhador que contrastava com a sua intenção zombeteira -, vamos ao enterro deles, coisa que nunca fizemos com os vivos!"
Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido - O Lado de Guermantes, trad. Pedro Tamen, Lisboa: Círculo de Leitores, 2003, pp. 508-509.
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