"Não te queixes do rosto pensativo
E triste que te mostro. Para o lado
Oposto ao que o teu olha, está voltado;
Não pode reflectir clarão tão vivo.
Tu, se pensas em mim, não tens motivo
De recear, pois o meu ser, cansado,
No círculo em que a dor o tem fechado,
Como abelha num copo, está cativo.
Mas eu só penso em ti, considerando,
P'ra além do amor, o fim do amor; prevendo
Que tudo há-de, por ti, ser olvidado.
Como quem, de alto monte contemplando,
Um fresco vale, está, ao longe, veno
Brilhar, depois do rio, o mar salgado."
Elizabeth Barrett Browning, Sonetos Portugueses, trad. Manuel Corrêa de Barros, Lisboa: Relógio d' Água, 1991, p. 41.
No comments:
Post a Comment