"A vida é como esta namorada. Imaginamo-la e amamo-la só de imaginá-la. Não vale a pena tentarmos vivê-la; como o garoto, atiramo-nos para a estupidez, não de repente, porque tudo na vida se vai degradando insensivelmente. Ao cabo de dez anos, não reconhecemos já os sonhos, renegamo-los, vivemo-los, tal como um boi diante da erva que pasta no momento presente. E, das nossas núpcias com a morte, quem sabe se poderá nascer a nossa imortalidade consciente?"
Marcel Proust, Os Prazeres e os Dias, trad. Manuel João Gomes, 2ª ed., Lisboa: Editorial Estampa, 2010, p. 116.
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