"
O Mendigo
E, num riso de sangue, movendo o peito vestido de cruzes, que fixa um momento.
A de Cristo era de cedro. Devia ser...
Estas, depois de me levarem o sangue, tiram-me o calor!...
O Espectro
Até aí cumpriste. Depois?
O Mendigo
Depois, volvi à Terra...
O Espectro
Para quê?
O Mendigo
E sei-o eu?
Por instinto! Pela mesma força de minha fraqueza. Porque me ensinaram que é vergonha ter fome!
O Espectro, apagando-se.
Oh, que pesado sono entorpece a Terra! Estranha terra, onde só os mortos velam!"
Visconde de Vila Moura, "A Dor" in Obstinados, Rio de Janeiro: Editores Anuário do Brasil/Renascença Portuguesa, 1921, p. 165.
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