"Como Rossetti resgatando a dádiva de amorverso a verso ao corrupto corpode Elizabeth Eleanor, o escritoré um ladrão de túmulos. E é um mortodormindo num sono alheio, o do livro,que a si mesmo se sonha digerindosua carne e seu sangue e dirigindoa sua mão e o seu livre arbítrio.Quem construiu a sua casa? Quem semeoua sua vida quem a colherá?Nem a sua morte lhe pertence, roubou-aa outro e outro lha roubará.Toma, come, leitor: este é o seu corpo,a inabitada casa do livro,também tu estás, como ele, morto,e também não fazes sentido."
Manuel António Pina, "Os Livros", in Todas as Palavras - Poesia Reunida (1974-2011), 3ª ed., Lisboa: Assírio & Alvim, 2013, p. 339.
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