"Não eram casas, eram nesgas de outros espaços que logo se desapercebiam. Era a morte assim, prolífica de lugares imediatamente desapercebidos na vigília súbita? A vigília súbita, indício do pavor de estar a regressar a uma diversidade do ter sido, do vir a ser? A paisagística de um ter sido, de um devir? Esses estuários, ravinas, moradas, à vez reconhecidos e ignotos como os de um anjo? Sonham os cegos, como que vêem noutras partes?Se o sonho é só a realização de um desejo, como os seus lugares são tenazes, são fugazes! Já estive aqui.Esse aqui, ao esfumar-se, despedia cada objecto da vigília, do regresso ao mesmo mesmo."
Maria Velho da Costa, Irene ou o contrato social, 2ª ed., Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2001, p. 56.
No comments:
Post a Comment