" Ela riu-se e agarrou-me quando fiz menção de me levantar da cadeira.
- Não é nada disso - exclamou. - Só ia dizer que o Céu não parecia ser a minha casa e eu desatei a chorar para voltar para a terra e os anjos ficaram tão zangados que me explusaram e me lançaram no meio do urzal, e eu fui cair mesmo no topo do Alto dos Vendavais, e depois acordei a chorar de alegria. Este sonho explica o meu segredo tão bem como o outro: sou tão feita para ir para o Céu como para casar com Edgar Linton; e esse monstro que está lá dentro não tivesse feito o Heathcliff descer tão baixo, eu nem teria pensado nisto: seria degradante para mim casar-me agora com Heathcliff; por isso, ele nunca saberá como eu o amo; e não é por ele ser bonito, Nelly, mas por ser mais parecido comigo do que eu própria. Sea qual for a matéria de que as nossas almas são feitas, a minha e a dele são iguais, e a do Linton é tão diferente delas como um raio de lua de um relâmpago, ou a geada do fogo."
Emily Brontë, A Colina dos Vendavais, trad. Ana Maria Chaves, Lisboa: RBA Editores, 1994, p. 94.
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