" - Nunca duvidei da verdade dos signos, Adso, são a única coisa de que o homem dispõe para se orientar no mundo. Aquilo que eu não compreendi foi a relação entre os signos. Cheguei até Jorge através de um esquema apocalíptico que parecia reger todos os delitos e no entanto era casual. Cheguei a Jorge procurando um autor de todos os crimes, e descobrimos que cada crime tinha no fundo um autor diferente, ou então nenhum. Cheguei a Jorge perseguindo o desígnio de uma mente perversa e raciocinante, e não havia desígnio inicial, e depois tinha-se iniciado uma cadeia de causas e causas concomitantes, e de causas em contradição entre si, que tinham procedido por conta própria, criando relações que não dependiam de desígnio algum. Onde está toda a minha sabedoria? Comportei-me como um obstinado, perseguindo um simulacro de ordem, quando bem devia saber que não há uma ordem no universo."
Umberto Eco, O Nome da Rosa, trad. Maria Celeste Pinto, 16ª ed., Lisboa: Difel, 1990, p. 486.
No comments:
Post a Comment