"Pois está escrito no arcano dos sonhos que as existências se incorporam e se renovam, modificam-se e continuam contudo imutáveis, como a alma de um músico numa fuga. E, assim, a memória é desvanecida, rapidamente, no sono.
Parece que o repouso perfeito nunca irá existir. Mesmo no paraíso, a serpente levanta a cabeça entre os ramos oprimidos da Árvore do Conhecimento. O silêncio da noite sem sonhos é quebrado pelo bramido da avalanche, pelo silvo dos súbitos dilúvios; o tinido do sino da locomotiva marca o seu movimento majestoso através de uma cidade americana adormecida; o fragor de remos distantes no mar... Seja o que for, está a destruir o encanto do paraíso. A cobertura verdejante que nos envolvia, estrelada por diamantes de luz, parecia tremeluzir no incessante movimento dos remos, e o som do sino descontente aparentava não mais ter fim..."
Bram Stoker, A Joia das Sete Estrelas, trad. Alexandra Tavares, Mem Martins: Publicações Europa-América, 1997, pp. 9-10.
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