Sunday, February 22, 2015

INÚTIL



"Quem me quiser amar, 
que me leve
fechado no meu mistério...

Me leve
como um presente imerecido, 
vindo não sabe de aonde
- sempre com medo que lhe fuja
da caixinha cor da bruma 
em que se esconde. 

Quem me quiser amar, 
me leve, sem se importar
de perguntar o que eu valho. 
- Já me basta essa alegria
de saber que me possui, 
de saber que eu valho mais
que quanto puder pensar."


Sebastião da Gama, Serra-Mãe, 3ª ed., Lisboa: Edições Ática, 1968, p. 138. 

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