"As portas do ano rasgam-se,
tal as da linguagem,
para o desconhecido.
Ontem à noite, disseste-me:
amanhã,
haverá que esboçar sinais,
desenhar paisagens, tecer a trama
sobre a dupla página
do papel e do dia.
Amanhã haverá que inventar,
de novo,
a realidade do mundo.
Já tarde, abri os olhos.
No instante d eum instante,
senti, como o asteca
a espreitar
p'los penedos do promontório,
p'las gretas de horizonte,
o incerto regresso do tempo."
Octavio Paz, Árvore Adentro, trad. Luís Alves da Costa, Lisboa: Vega, 1994, p. 104.
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