CRISTAL (para a Divina Agnès Varda)
"Desabotoa-se por fim a cena
que se desenhava no baço
da janela do sonho (o sonho
é uma espécie de vidraça?)
e tudo o que se realiza vive
da necessidade, agora
que o motor do instante se agita
e vibra sua perfeição. Enfim,
vem à luz a experiência
que se vinha elaborando no laboratório
de algum andar do sonho (o sonho
é uma espécie de edifício?): o mar
nasce de amar, e - cristalinas - águas
sem margens usurpam a cidade,
arrastam inocentes, os amantes
gozam, é justo que seja assim."
Eucanãa Ferraz, Cinemateca, Vila Nova de Famalicão: Quasi Edições, 2009, p. 34.
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