Wednesday, March 27, 2019

OS PRODÍGIOS



"Desertei das falanges do ouro
para vir sitiar a tua sombra.
Movias-te como se jamais te prendesse
outra lealdade
que não a interrogação
de um cais. E, porém, 
os teus olhos silenciosos, 
somando as imagens.
Qual pano, 
desce sobre a cidade o músculo
das coisas prementes. 
Das safras de pólvora colhi a tua incerteza
de rapariga. Depois, perdi-te
entre os prodígios."

Vasco Gato, Cerco Voluntário, Porto: Cadernos do Campo Alegre, 2009, p. 14. 

No comments: