MÁSCARAS
"Com as fivelas ajustei na face
minha máscara de couro e de verniz:
tudo mudou, à minha volta nasce
da mesma natureza outro matiz.
Com os outros mudando o mesmo faz-se
em mim que mudo no que disse e fiz
e com mudar-me a mesma muda dá-se
nos outros que são espelhos vis-a-vis.
E assim me fui esquecendo de quem era
até já estar esquecido de quem sou
e apenas só por sonhos o relembre!
Separam cada rosto, - fenda e cera -
abismos de milénios por que vou
do aparente até Deus, voando sempre!"
Jorge Guimarães, A Dor de Deus, Lisboa: Guimarães Editora, 1985, p. 22.
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